Mulheres, mulheres, lutando sempre!!!

No último dia 10 de maio, ministrei em Barretos (SP), o minicurso “As políticas públicas e as mulheres: uma questão de gênero”. Gostaria de agradecer a coordenação do curso e aos organizadores da Semana de Serviço Social, pois acredito que o evento atingiu o objetivo proposto. Vinte e duas pessoas, entre homens e mulheres, estudantes, profissionais e professoras, participaram do minicurso, um “intensivão” sobre como definir políticas públicas para mulheres. Tentei utilizar material acessível, ou seja, disponível na internet, para que quem desejar pesquisar mais sobre o assunto possa ter fontes confiáveis para sua pesquisa. O mesmo minicurso será apresentado em São Paulo, em data ainda a ser definida. Espero que em breve. Às integrantes do curso agradeço a presença e coloco-me à disposição para o que se fizer necessário. Quem participou do minicurso e quiser mais informações é só entrar em contato.

***

O Dia da(o) Assistente Social foi comemorado no último sábado, 15 de maio. Mas, neste ano, infelizmente, não tenho o que comemorar. Eu e todos os companheiros e companheiras da universidade onde trabalho, estamos em greve. Nossos salários do mês de abril não foram depositados e ainda não sabemos quando o serão. Cruzamos os braços porque os problemas se avolumaram e entre direitos trabalhistas burlados ainda somos vítimas de um terrorismo silencioso – a universidade está sendo vendida para uma empresa que trabalha de maneira complicada: ela despede profissionais conceituados e contrata outros com salários mais baixos. A que ponto chegamos!!! Nós, trabalhadores da educação, diante da precarização do mundo do trabalho, tão denunciada por nós que somos das ciências humanas. Em alguns momentos queria ser das Ciências Exatas ou Biológicas que nem se lembram dessas preocupações. Agora, aguardamos providências urgentes para que nossos salários sejam depositados, afinal, nossos credores não serão complacentes: aluguéis, financiamentos, crediários, cartão de crédito, filhos, pensões alimentícias, são questões que se apresentam e causam grandes problemas na vida de professores e professoras. Espero ter esse quadro revertido o mais breve possível.

***

Até o dia 30 de junho de 2010, estão abertas as inscrições para o prêmio jovem cientista 2009/2010. Em 20008, as mulheres foram campeãs em todas as categorias – notícia que fiz questão de anunciar no blog no dia 27 de novembro. Vamos torcer pela repetição. As informações complementares podem ser obtidas no site http://www.jovemcientista.cnpq.br/
O tema geral deste ano é Energia e Meio Ambiente – soluções para o futuro com as seguintes linhas de pesquisa: fontes alternativas de energias não poluentes; exploração racional de recursos energéticos (biomassa, carvão mineral, petróleo); impacto sócio-ambiental da geração de energia hidroelétrica e da produção de biocombustíveis; controle da emissão de poluentes e efeito estufa no setor energético; edificações inteligentes (uso racional de energia e recursos naturais); eficiência das diferentes fontes de energia; uso de sistemas isolados para geração de energia elétrica; ampliação e eficiência do uso de fontes renováveis de energia; produção sustentável de biodiesel; tecnologias energéticas (produção e uso) apropriadas a pequenos produtores rurais e com unidades isoladas; e impactos da geração de energia nos recursos biológicos e na biodiversidade.

***
Até o dia 25 de maio, as mulheres, e somente as mulheres, podem se inscrever ao prêmio “Para Mulheres na Ciência”, promovido pela L’Oréal Brasil em parceria com a Academia Brasileira de Ciências (ABC) e a Comissão Nacional da UNESCO (IBECC). O Programa “Para Mulheres na Ciência” nasceu em 2006 com a missão de ceder espaço e apoio à participação das mulheres brasileiras no cenário científico do país ao laurear o trabalho de sete jovens pesquisadoras com uma bolsa-auxílio no valor equivalente a vinte mil dólares. É voltado, principalmente, para as ciências exatas e biológicas. Mais informações no site http://loreal.abc.org.br/index.asp

***
No último mês de abril, foi lançado o livro Dicionário Crítico do Feminismo, publicação organizada pelas autoras Helena Hirata, Françoise Laborie, Hélène Le Doaré e Daniéle Senotier, com o apoio da Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM), da Escola Nacional de Administração Pública (ENAP) e da UnB (Universidade de Brasília). A obra apresenta um repertório de conceitos estabelecidos pelas teorias feministas para abordar as questões de gênero apontando alguns paradigmas das Ciências Sociais fundamentados na dominação masculina. O livro tem por objetivo estimular a reflexão crítica sobre a construção social da hierarquia entre os sexos e ampliar o debate interdisciplinar ao apresentar quarenta e oito verbetes (feminilidade, masculinidade e virilidade, assédio sexual, cidadania e desemprego).


***
Sobre o dia da assistente social a deputada Luiza Erundina publicou a seguinte reflexão em seu site (http://www.luizaerundina.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=463&catid=50&Itemid=77) que aqui reproduzimos na íntegra:

O Serviço Social, a meu ver, foi uma das profissões mais impactadas pelos acontecimentos que marcaram os últimos trinta anos da nossa história. Antes de tudo, porque sofreu as mudanças ocorridas nesse período, e por causa da ruptura que realizou entre seu passado e seu presente. Antes da década de 1980, a atuação profissional dos assistentes sociais se caracterizava, sobretudo, por posições reativas e de adaptação passiva à realidade.
A partir do final da década de 1970 e início da década de 1980, o Brasil vivia um processo sócio-político que exigia posicionamento político e afirmação clara de compromisso com relação aos interesses sociais em disputa. De um lado, os interesses das classes dominantes, representados e defendidos pelo Estado e suas instituições. De outro, os interesses dos trabalhadores e da maioria da população excluída econômica, social, cultural e politicamente. E os assistentes sociais, por sua vez, na condição de agentes institucionais operadores das políticas sociais públicas, tinham a função de mediar esses interesses contraditórios e de administrar os conflitos gerados.
Foi exatamente essa realidade da profissão que começou a ser questionada pelos assistentes sociais comprometidos e engajados no processo político que culminou com o fim da ditadura militar e a redemocratização do país. A ruptura se deu com o “Congresso da Virada” (novembro de 1979), como resultado do acúmulo de forças que vinha sendo construído ao longo do processo de organização política da categoria e de preparação do III CBAS (Congresso Brasileiro de Assistentes Sociais).
Esse Congresso, portanto, foi um marco na história do Serviço Social no Brasil, a partir do qual o projeto profissional começou a ser repensado, não só por força das transformações em curso na sociedade brasileira, mas também em razão das contradições existentes no seio da própria profissão. Contradições essas que se explicitaram de forma aguda, ao se confrontarem durante os debates realizados no Congresso.
Nós que tivemos o privilégio de protagonizar aquele momento temos consciência do seu significado histórico e político; da propriedade do que se convencionou chamar, entre os assistentes sociais, de “Congresso da Virada”. Expressão esta que, cada dia, ao longo dos últimos trinta anos, adquire mais força e sentido e que soa como um alerta para que estejamos sempre atentos às exigências da realidade e fiéis ao compromisso profissional de servirmos aos excluídos da sociedade e de contribuirmos na construção de uma sociedade justa e igualitária.
Minha participação no processo de construção do III CBAS foi uma decorrência da longa trajetória que percorri, junto com meus colegas de profissão, desde que sai da Paraíba, fugindo da perseguição política da ditadura, e chegando a São Paulo em 28 de janeiro de 1971. De que me acusavam, então? Do crime de tentar ajudar os trabalhadores rurais a se conscientizarem dos seus direitos e a se organizarem para lutar por esses direitos.
Trabalhando como assistente social nas favelas da periferia de São Paulo, onde se amontoavam os migrantes nordestinos, arrancados de suas raízes e expulsos pelo latifúndio, tive que enfrentar um outro desafio. Dessa vez, o de tentar organizar esses trabalhadores para travarem a luta pelo direito a moradia. No campo, a luta era por terra para trabalhar; na cidade, a luta era por terra para morar. E o inimigo era e é sempre o mesmo: a apropriação privada dos meios de produção, dogma do capitalismo. Ao trabalharmos com os pobres e procurar abrir-lhes os olhos, ajudando-os a se organizarem, o cerco voltou a se fechar contra nós nos espaços institucionais onde exercíamos a profissão.
Daí, então, tivemos que nos organizar politicamente, buscando criar outros espaços de luta profissional. Foi neste sentido que nos empenhamos na reativação da Associação Profissional dos Assistentes Sociais de São Paulo (APASSP), ponto de partida para a organização e articulação política dos assistentes sociais em todo o país, com a criação de associações profissionais e sindicatos da categoria em vários Estados e que passaram a ser coordenadas por uma entidade nacional, a Coordenação Executiva Nacional de Entidades de Assistentes Sociais (CENEAS). Portanto, minha participação no processo que culminou no movimento que deu origem ao “Congresso da Virada” se deu na condição de Presidenta da APASSP e da CENEAS.
Esse Congresso, portanto, foi um marco na história do Serviço Social no Brasil, a partir do qual o projeto profissional começou a ser repensado, não só por força das transformações em curso na sociedade brasileira, mas também em razão das contradições existentes no seio da própria profissão. Contradições essas que se explicitaram de forma aguda, ao se confrontarem durante os debates realizados no Congresso.
Para este 15 de maio, dia do Assistente Social, fica a oportunidade de reflexão que precisa ser feita tanto pelos que protagonizaram aquele momento histórico, quanto pelos que têm a responsabilidade pela construção do projeto profissional no presente, visto que o ciclo histórico que deu origem ao projeto profissional em questão entrou em uma fase de esgotamento que tem como sinal a atual crise político-institucional, colocando novas exigências e desafios para os sujeitos políticos coletivos que devem repensar sua ação em todos os seus aspectos.
Cumpre, pois, ao Serviço Social, como uma das expressões da sociedade brasileira e enquanto área de conhecimento e de ação profissional, atualizar seu referencial teórico e reciclar seus instrumentos de análise e de intervenção, com vistas a adequá-los às novas exigências de uma realidade complexa e em acelerado processo de mudança.
No que tange aos assistentes sociais, como profissionais e enquanto sujeitos coletivos de ação política, é necessário que repensem sua prática e a contribuição que poderão dar à construção de um projeto político de sociedade, capaz de consolidar e ampliar as conquistas democráticas e de fazer do Brasil uma nação justa, livre e soberana.
Luiza Erundina

***
Gostaria de agradecer aos seguidores e seguidoras do blog, número que vem aumentando e que me deixa bastante orgulhosa. Nos últimos dias, não consegui atualizar porque estava e estou escrevendo a primeira parte da minha tese e me dediquei a ela de corpo e alma, tanto que acabei deixando de lado as inscrições para participar dos mais importantes congressos como o Fazendo Gênero de Floripa. Espero estar lá daqui a dois anos, quem sabe, coordenando uma mesa.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Mulher e Educação - Pesquisa de Minas Gerais

Ressucitando o blog - Globeleza, Futebol e Política

Marta é a melhor jogadora de futebol do mundo - pela quarta vez