Cadernos Pagu reúnem dossiê sobre a questão do gênero no Islã
O Portal Unicamp me enviou o texto abaixo que compartilho com vocês. Vejam que interessante:
A última edição dos Cadernos Pagu, elaborada pelo Núcleo de Estudos do Gênero (Pagu) da Unicamp, reúne um dossiê abordando a questão do gênero no Islã. Foi organizado pelas pesquisadoras Fatima Harrak e Oumama Aouad. A publicação, que marca a comemoração de 15 anos do Núcleo e dos Cadernos, reflete em suas 452 páginas o caso particular das mudanças efetuadas na legislação marroquina. Os artigos analisam, em um conjunto de artigos, as imagens, as representações, a condição e o papel da mulher na construção nacional, bem como as funções simbólicas no processo de preservação e de transformação cultural. Nos Cadernos Pagu, são apresentadas tais mudanças na legislação em busca da igualdade de direitos de cidadania. O tema foi escolhido por revelar iniciativas pioneiras no Marrocos. A editora da publicação, professora Mariza Corrêa, resume abaixo as principais conclusões do dossiê.
Portal Unicamp - Segundo o dossiê, quais as principais mudanças na legislação marroquina?
Mariza Corrêa - Desde a década de 90, na época contemporânea (ainda que essa luta tivesse tido sua origem no final da Segunda Guerra), grupos de mulheres marroquinas vêm lutando pela transformação dos códigos familiares no Marrocos - o que foi, pioneiramente no âmbito dos países islâmicos, alcançado em 2004, com a reforma das leis de família no país, de maneira a estabelecer a cidadania das mulheres em pé de igualdade (ou quase) com a dos homens, em termos jurídicos. O que o dossiê mostra é que essas reformas nas leis do país são inteiramente inéditas no mundo islâmico e que estão sendo vistas como exemplos possíveis de serem seguidos em outros países.
Portal Unicamp - Que impactos isso teve no comportamento da mulher?
Mariza Corrêa - É preciso lembrar que, nos países islâmicos, a atuação das mulheres é, tradicionalmente, restrita à esfera privada, para compreender a importância de algumas dessas inovações apresentadas no Marrocos - como por exemplo, o das mulheres pregadoras que, como parte de uma política de Estado, combatem o radicalismo islâmico, enfatizando uma visão feminina do Islã (de paz, solidariedade e tolerância): as murshidat. Elas são treinadas em universidades para debater em público essa visão diferente do Islã e cuja atuação está hoje sendo implementada em outros países islâmicos.
Portal Unicamp - O que isso representa do ponto-de-vista da cidadania?
Mariza Corrêa - É difícil para nós, ocidentais, pensar no movimento das mulheres islâmicas do Marrocos como 'feminista'. No entanto, lendo os relatos das lutas levadas a efeito por elas, e das conquistas obtidas no âmbito jurídico, sem dúvida alguma houve um avanço na conquista da cidadania pelas mulheres. O texto da antropóloga Maria Cardeira da Silva oferece um contexto teórico para compreendermos essa relação complexa entre o mundo ocidental e o mundo islâmico.
A última edição dos Cadernos Pagu, elaborada pelo Núcleo de Estudos do Gênero (Pagu) da Unicamp, reúne um dossiê abordando a questão do gênero no Islã. Foi organizado pelas pesquisadoras Fatima Harrak e Oumama Aouad. A publicação, que marca a comemoração de 15 anos do Núcleo e dos Cadernos, reflete em suas 452 páginas o caso particular das mudanças efetuadas na legislação marroquina. Os artigos analisam, em um conjunto de artigos, as imagens, as representações, a condição e o papel da mulher na construção nacional, bem como as funções simbólicas no processo de preservação e de transformação cultural. Nos Cadernos Pagu, são apresentadas tais mudanças na legislação em busca da igualdade de direitos de cidadania. O tema foi escolhido por revelar iniciativas pioneiras no Marrocos. A editora da publicação, professora Mariza Corrêa, resume abaixo as principais conclusões do dossiê.
Portal Unicamp - Segundo o dossiê, quais as principais mudanças na legislação marroquina?
Mariza Corrêa - Desde a década de 90, na época contemporânea (ainda que essa luta tivesse tido sua origem no final da Segunda Guerra), grupos de mulheres marroquinas vêm lutando pela transformação dos códigos familiares no Marrocos - o que foi, pioneiramente no âmbito dos países islâmicos, alcançado em 2004, com a reforma das leis de família no país, de maneira a estabelecer a cidadania das mulheres em pé de igualdade (ou quase) com a dos homens, em termos jurídicos. O que o dossiê mostra é que essas reformas nas leis do país são inteiramente inéditas no mundo islâmico e que estão sendo vistas como exemplos possíveis de serem seguidos em outros países.
Portal Unicamp - Que impactos isso teve no comportamento da mulher?
Mariza Corrêa - É preciso lembrar que, nos países islâmicos, a atuação das mulheres é, tradicionalmente, restrita à esfera privada, para compreender a importância de algumas dessas inovações apresentadas no Marrocos - como por exemplo, o das mulheres pregadoras que, como parte de uma política de Estado, combatem o radicalismo islâmico, enfatizando uma visão feminina do Islã (de paz, solidariedade e tolerância): as murshidat. Elas são treinadas em universidades para debater em público essa visão diferente do Islã e cuja atuação está hoje sendo implementada em outros países islâmicos.
Portal Unicamp - O que isso representa do ponto-de-vista da cidadania?
Mariza Corrêa - É difícil para nós, ocidentais, pensar no movimento das mulheres islâmicas do Marrocos como 'feminista'. No entanto, lendo os relatos das lutas levadas a efeito por elas, e das conquistas obtidas no âmbito jurídico, sem dúvida alguma houve um avanço na conquista da cidadania pelas mulheres. O texto da antropóloga Maria Cardeira da Silva oferece um contexto teórico para compreendermos essa relação complexa entre o mundo ocidental e o mundo islâmico.
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